Investir no segundo imóvel, adquirir um terreno, unidade comercial, carro ou moto ou contratar determinado serviço. Tudo isso é possível por meio de um consórcio. Para tanto, o consorciado paga parcelas mensais de acordo com o prazo escolhido e participa de assembleias, e para receber o crédito antes de terminar de quitar a cota ele pode ofertar um lance ou ser sorteado Mas o tão aguardado momento da contemplação costuma gerar uma dúvida: quando for a minha hora, como vou receber o valor? E a resposta para essa pergunta é bem simples e direta: por meio de uma carta de crédito! Mas, afinal, o que é carta de crédito e como ela funciona?
Como funciona um consórcio?
Para entender melhor o que é carta de crédito, vale a pena conferir, primeiro, o que é um consórcio e como ele funciona na prática. Como você já deve saber, essa modalidade de investimento se refere a um grupo de pessoas que têm como objetivo adquirir um mesmo tipo de bem — um veículo ou uma casa, por exemplo. Para tanto, é constituída uma espécie de poupança em conjunto, para a qual cada consorciado contribuirá mensalmente.
Esse fundo é administrado por uma empresa de consórcio, que também ficará responsável por sortear, a cada mês, um ou mais participantes para que recebam a carta de crédito.
Outra maneira de ser contemplado é por meio de lances, como veremos melhor mais adiante neste conteúdo. De qualquer forma, o consórcio é uma boa alternativa para aqueles que querem adquirir um bem de maior valor sem juros.
O que é carta de crédito?
Carta de crédito é o documento financeiro que o consorciado recebe no momento da contemplação e que permite a ele adquirir um bem ou contratar um serviço pelo valor estipulado na hora da contratação do consórcio.
Ao contrário do que muitos pensam, o dinheiro não é depositado diretamente na conta do consorciado, nem a administradora compra o objeto do contrato para, depois, fazer o repasse ao contemplado.
Em vez disso, você recebe a chamada carta de crédito, um título com valor correspondente ao escolhido na hora da contratação do consórcio. É como se fosse entregue um vale-compras em suas mãos.
Para entender melhor o que é carta de crédito, confira o seguinte exemplo: quem participa de um consórcio de automóveis no valor de R$ 50 mil recebe, no momento da contemplação, o documento que permite a compra do veículo com esse preço, mas não o valor em si, que será repassado apenas a quem fizer a venda ao contemplado.
Como funciona a carta de crédito?
Após ser sorteado ou oferecer um lance, você poderá receber a carta de crédito. A partir de então, terá em mãos um título correspondente ao valor integral do crédito do contrato de consórcio firmado, o qual lhe dará o direito de comprar o bem ou contratar o serviço mesmo que precise continuar pagando as prestações.
Antes de pegar a carta, você terá que apresentar alguns documentos, que podem variar de acordo com o bem a ser adquirido e com o objetivo do consórcio.
Uma coisa importante de se saber sobre o documento é que ele tem um prazo para ser utilizado, que pode variar de 90 dias a 6 meses ou até a finalização do prazo de consórcio contratado (quitação do consórcio) -veremos mais sobre isso adiante. De qualquer maneira, é fundamental estar atento às regras especificadas no contrato.
Nesse mesmo sentido, para manter o poder de compra de todos os participantes do grupo de consórcio, o valor da carta de crédito para veículos, por exemplo, pode variar conforme reajuste da tabela do fabricante. No caso de imóveis, também pode haver mudanças segundo os índices econômicos relativos à construção. Isso, sem dúvidas, deve ser considerado no planejamento financeiro.
De que maneira é possível obtê-la?
Para ter direito a uma carta de crédito, é preciso, primeiro, adquirir a cota de um consórcio. Nesse momento, deve-se definir o objetivo da carta, seu valor e o prazo de pagamento. Para tomar essa decisão, lembre-se de avaliar a sua renda mensal disponível para o pagamento das parcelas, já que, quanto maior a carta de crédito, maior será o desembolso mensal.
Ao longo do período do pagamento dessas parcelas, caso o contrato permita, é possível ajustar o valor da carta de crédito. Contudo, como você viu, ela só é liberada a partir do momento da contemplação, que pode ocorrer por meio de sorteio ou lances. Mas como isso funciona na prática?
O sorteio, sem dúvidas, é a forma mais comum. Mensalmente, a administradora realiza nas assembleias a escolha de um ou mais consorciados por meio desse procedimento. Quem der a sorte recebe a carta de crédito para usufruir das suas possibilidades.
Já quem não quer depender da sorte pode tentar uma segunda via para receber a carta de crédito antes: por meio da oferta de lances. Eles funcionam como uma espécie de antecipação do pagamento das parcelas. Existem, basicamente, três possibilidades para oferecê-los:
- lance livre: pode-se participar com qualquer valor, e quem der o maior lance recebe a carta de crédito;
- lance fixo: o valor é determinado em contrato;
- lance embutido: é possível oferecer uma parte da carta de crédito como lance.
Quem possui uma reserva financeira e tem pressa em obter a carta de crédito deve considerar sempre a oferta de lances para antecipar a contemplação, sendo esta uma grande chance para adiantar a conquista.
Quais são os procedimentos necessários para ter acesso à carta de crédito?
A partir do momento em que ocorre a comunicação por parte da administradora e o consorciado sabe que foi contemplado, alguns procedimentos precisam ser respeitados para que a carta de crédito seja acessada.
Como é necessário continuar honrando as mensalidades em aberto, mesmo depois da contemplação, é possível que a administradora solicite algumas garantias antes de efetivamente entregar a carta — como comprovação de renda. Além disso, o consorciado não pode ter seu nome incluído nos serviços de proteção ao crédito. Mas não se preocupe, esses processos não apresentam muitas burocracias.
Dependendo do bem a ser adquirido, documentações específicas podem ser solicitadas. Portanto, o ideal é já conhecer quais são esses documentos e estar preparado e com a papelada em dia para evitar atrasos na liberação da carta quando a contemplação ocorrer.
Que vantagens ela apresenta?
A primeira grande vantagem desse sistema é a segurança. Pense bem: a carta de crédito só pode ser usada pelo solicitante, o que significa que você terá total controle sobre o valor que receberá.
Como seu uso é diferente de uma operação de transferência tradicional, não é preciso pagar as taxas e os impostos que seriam devidos caso o dinheiro entrasse diretamente na sua conta. Assim, você consegue garantir seu poder de compra!
Além disso, a carta de crédito facilita o seu poder de negociação, já que pode ser usada de maneira muito parecida com a do pagamento à vista. Dessa forma, quem está vendendo o bem ou prestando o serviço sabe que receberá o valor integral em um prazo muito curto. Então, você terá como barganhar descontos ou negociar outras facilidades antes de bater o martelo.
Como você pode usá-la?
A carta de crédito é um documento com finalidade exclusiva. Se você participou de um consórcio automotivo, por exemplo, ela deve ser utilizada em negócios que envolvam veículos — ou seja, bens móveis. Isso também vale para um consórcio imobiliário. Na prática, mesmo com essa limitação, as cartas de crédito apresentam uma boa versatilidade, podendo ser utilizadas de diferentes formas. Confira!
Compra do bem
Em geral, esse é o uso mais comum da carta de crédito. Digamos que você tenha participado de um consórcio imobiliário e recebido o documento no valor de R$ 200 mil. Nesse caso, você pode usá-lo para comprar um imóvel nesse valor!
Para finalizar esse objetivo, só é preciso fazer uma pesquisa, encontrar o bem ideal e, em seguida, fornecer alguns dados do vendedor para a Rodobens — que vão desde CNPJ e informações bancárias até documentos do bem adquirido.
No caso de imóveis, é preciso pedir o registro na prefeitura e um comprovante de quitação de impostos, como o IPTU. Assim, a administradora saberá que o processo é seguro e que pode ser concluído normalmente. Aqui, vale destacar que também dá para comprar terrenos ou imóveis usados, seja para fins comerciais ou residenciais.
No caso de automóveis, o consorciado deve informar o modelo do carro, seu número de chassi e o respectivo ano de fabricação, além de todas as documentações estarem em dia.
Contração de serviços
Também existem outras modalidades de consórcio que são um pouco menos conhecidas, mas igualmente simples e podem ajudá-lo a realizar alguns desejos ou aumentar a sua qualidade de vida.
É possível, por exemplo, adquirir consórcios para a reforma de imóveis, modalidade em que a carta de crédito é destinada ao pagamento da mão de obra.
E tem mais! Em relação aos serviços, as possibilidades vão desde tratamentos estéticos, como cirurgias plásticas, passando por festas de casamento e de formatura até o pagamento de viagens.
O consórcio também vem sendo utilizado para arcar com a educação particular, seja no ensino fundamental, médio ou superior. Também é possível quitar os custos de uma autoescola ou de um curso de especialização por meio de uma carta de crédito de serviços.
O importante é ter em mente que a carta de crédito em um consórcio de serviços deve ser usada para o pagamento do fornecedor. No caso de viagens, por exemplo, o valor será destinado a uma agência, podendo o valor ser referente às passagens e à hospedagem, mas não à compra de bens no exterior.
Como você pôde ver, a carta de crédito é bastante flexível, podendo abarcar tanto a compra de bens móveis ou imóveis quanto a ajuda na contratação de serviços de valores mais elevados, cujo pagamento à vista não costuma ser uma opção financeiramente saudável.
Resgate do investimento
Você entrou em um consórcio sonhando com uma casa própria ou com aquele carro novo, mas, antes de ser contemplado, conseguiu realizar o objetivo por outros meios? Nesse caso, você não vai mais querer usar sua carta de crédito para adquirir um bem que já adquiriu, certo?
A solução consiste em simplesmente usar sua carta para receber o investimento com segurança de volta. Esse processo, no entanto, só pode ser realizado ao final do seu grupo de consórcio ou na oferta de um lance de quitação da sua cota.
Quitação de financiamento
Você também pode usar sua carta de crédito para quitar parcelas de um financiamento em aberto. Esse tipo de operação pode variar de acordo com a administradora escolhida. Na Rodobens, a condição para a liberação é que o valor do financiamento a ser quitado seja igual ou menor do que a carta de crédito do consórcio.
Compensação de valores
Digamos que você tenha recebido uma carta de crédito de R$ 100 mil, mas, agora, seu objetivo seja comprar um carro de R$ 110 mil. Sem problemas! Nesse caso, você pode tranquilamente completar o valor.
E também é possível adquirir bens mais baratos que o valor total da sua carta. O montante que restar poderá ser usado para quitar algumas despesas obrigatórias, como a documentação do bem ou acessórios. Outra opção é direcionar o saldo à quitação das parcelas ainda em aberto do consórcio.
Quanto tempo vale uma carta de crédito?
Após a contemplação e o processo de aprovação para a liberação da carta de crédito, ela deve ser usada no período estipulado em contrato, que varia entre 90 e 180 dias. Esse prazo depende das políticas praticadas pela administradora.
A validade é uma forma de proteção para a administradora e para o grupo do consórcio. Como a liberação envolve análises de situação financeira e cadastral, a validade é a maneira de garantir que esse processo seja efetivo. Além disso, as condições de uma pessoa podem mudar muito em períodos longos.
Caso o limite de tempo seja extrapolado, o contemplado não perde o direito ao crédito, mas, provavelmente, terá que passar por nova análise e entregar os documentos necessários mais uma vez.
É possível comprar uma carta de crédito contemplada?
De acordo com a legislação brasileira, a negociação de uma carta de crédito contemplada é possível, sim, mas isso só acontece em condições bastante específicas e exige uma série de cuidados. Afinal, há quem use a promessa de carta de crédito contemplada unicamente para dar golpes!
Nesse contexto, é preciso avaliar dois fatores principais: confiabilidade de origem e autorização legal. Entenda melhor a partir de agora!
Confiabilidade de origem
Só dê continuidade a esse tipo de operação com pessoas que sejam de sua inteira confiança. Além disso, se possível, analise o histórico de transações similares realizadas pelo vendedor. Cuide, também, para garantir que a carta de crédito realmente existe e que está, de fato, contemplada.
A verificação pode ser feita diretamente com a administradora, que conseguirá informar, inclusive, se a carta de crédito para veículos, imóveis ou serviços foi aprovada. Em muitos golpes, a cota do consórcio até existe, mas ainda não foi contemplada.
Autorização legal
Como toda operação de consórcio deve ser autorizada pelo Banco Central, verifique, antes de mais nada, se a administradora envolvida está apta a fazer essa operação. Também é preciso levar em conta que o próprio contrato de consórcio pode impor restrições a esse tipo de transferência.
Ainda, é importante lembrar que é preciso apresentar alguns documentos no momento de usar a carta de crédito. Assim, se o comprador não estiver com tudo em mãos quando for utilizá-la, terá uma série de dores de cabeça.
Por fim, é preciso ter certeza de que quem está querendo vender a carta contemplada não tem pendências com o grupo de consórcio. Afinal, parcelas em atraso podem gerar multas e, em casos extremos, impedir a liberação da carta de crédito ou causar o desligamento do consorciado.
Como adquirir uma carta de crédito contemplada?
Como visto, a compra de uma carta de crédito contemplada é uma prática legal, embora tenha riscos. Afinal, é preciso estar ciente de uma série de condições para evitar fraudes. Nesse sentido, vale seguir algumas dicas. Confira!
Conheças as condições
Uma dica para adquirir a carta de crédito é conhecer as condições da administradora, que pode determinar regras específicas para o uso do valor.
Portanto, para não ter seus objetivos frustrados, é fundamental conferir o contrato firmado pelo consorciado em todos os detalhes. Por exemplo, é possível que haja restrição na compra de determinados bens ou regras relacionadas à sua documentação.
Verifique a administradora
Outro detalhe importante é a confiabilidade não apenas do contrato, mas, também, da transparência da administradora. Afinal, nesse caso, o contrato é intermediado por uma pessoa, mas, ainda assim, é administrado por uma empresa especializada. Nesse sentido, vale a pena verificar que garantias a instituição pode oferecer para que a carta de crédito seja, de fato, utilizada.
Confira as pendências
A partir da compra de uma carta de crédito contemplada, o consorciado transfere a titularidade a você. Então, no momento da transferência, o comprador passa por uma análise ainda mais rígida, já que a administradora não tem histórico desse novo cliente. Por essa razão é fundamental conferir quais são as pendências vinculadas à carta antes de fechar o negócio,
Verifique as taxas
Ao transferir a cota de um consorciado para você, a administradora estará, na verdade, assumindo um compromisso com um terceiro. Isso implicará em custos para a empresa que administra o consórcio e algumas burocracias que devem ser observadas. Entre elas, está a taxa de transferência da cota. Sendo assim, não deixe de conferir antecipadamente quais são as condições para que a transação seja feita.
Com este conteúdo, procuramos explicar o que é carta de crédito e todas as possibilidades que esse título confere. Além disso, mostramos o que deve ser observado, desde a escolha do valor até a documentação necessária e o prazo de validade para aproveitar todas as vantagens desse documento, que é um ótimo instrumento para você conseguir aquilo que deseja.
Nos tópicos, foi possível observar que o consórcio é uma excelente alternativa para adquirir um bem sem surpresas no planejamento financeiro. Por outro lado, é importante estar atento a algumas condições para o uso da carta de crédito contemplada no momento do sorteio ou lance, de modo a aproveitá-la da melhor forma e não perder a oportunidade de adquirir o bem desejado.
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